terça-feira, 20 de dezembro de 2016

"Abrantes: Um centro estratégico": Concerto da Banda Sinfónica do Exército

Enquanto se afinam os instrumentos e se tomam as posições devidas, ouve-se o ruido das conversas entre famílias e conhecidos. Entre trombones, clarinetes, violoncelos, saxofones e muitos mais, o público aguarda ansiosamente pelo começo do que promete ser uma grande noite de música.
Herdeira das mais antigas tradições musicais do Exército Português, a Banda Sinfónica do Exército (BSE) realizou um concerto, no passado dia 7 de outubro, no Cineteatro de S. Pedro, integrado no congresso “Abrantes, um centro estratégico”.
O maestro atual da Banda Sinfónica do Exército, tenente Artur Cardoso, garante que é uma mais valia o facto de a maior parte dos seus músicos terem formação musical em instituições civis, como por exemplo a Escola Superior de Música de Lisboa, o Conservatório Nacional, a Orquestra Gulbenkian, a Orquestra Sinfónica Portuguesa, a Orquestra Metropolitana de Lisboa entre outras escolas de música e grupos musicais de formação e estilos vários. “Atualmente sinto-me privilegiado, pois só me aparecem músicos que realmente tiveram uma formação muito sólida em todas essas escolas.”
De acordo com o maestro, no seu começo, a banda contava com cerca de 70 elementos. Neste momento conta com 81, apesar das entradas e saídas dos últimos tempos.
Para ele faz todo o sentido que este concerto seja integrado nas comemorações do centenário de Abrantes afirmando que “a Banda Sinfónica do Exército preza aprofundar a cultura musical portuguesa e não só porque, hoje em dia, somos influenciados pelo mundo, por outros países, por outras composições, é possível hoje acontecer isso. Portanto, claro que faz todo o significado nós participarmos no centenário.”
Tendo já atuado em Abrantes anteriormente, as duas principais diferenças que Artur Cardoso aponta são que, “na última vez que a Banda atuou em Abrantes, eu não era o maestro”, sendo esse o primeiro “ponto”, e “atualmente temos músicos com mais qualidade, mais bem formados, assim como os maestros. O Exército é pioneiro na formação de maestros. Até agora a formação de maestros era um bocadinho por carolice, isto é, quem percebia alguma coisa de direção conseguia fazer uma carreira como maestro. Agora já não, hoje há cursos mesmo dedicados, em Portugal, à direção. Portanto como há uns certos fatores académicos que potenciam mais, a Banda está num caminho de crescimento”.
Artur Cardoso afirma veemente que a “credibilidade da Banda é intocável, porque todos os músicos são profissionais, são músicos que fazem o seu papel muito bem feito”. Questionado sobre o facto de a BSE ter atuado no Palácio de Belém, a 12 de março de 2016, na presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirma que “, para nós, foi um orgulho poder estar na casa do Presidente da República, porque ele é o Comandante Supremo das Forças Armadas, portanto ele é o nosso comandante.” Tal como a Banda Sinfónica do Exército, estiveram também presentes nesta cerimónia as bandas da Armada, da Força Aérea e do Exército.
Para Maria Azevedo, aluna da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes e natural da Madeira, esta “foi a primeira vez” que assistiu a um concerto deste género pois, segundo ela, “na Madeira não costumamos ter este tipo de concertos”. Com grande entusiasmo afirma que gostou muito e que “adorei todas as partes e mais algumas”. Na sua opinião, “toda a gente devia apreciar este tipo de música pois é rara e, normalmente, as pessoas costumam gostar de outro tipo de música”, acrescentando que” acho que deveriam fazer muitos mais concertos deste género.”
Para Joana Jerónimo, natural de Torres Vedras e também aluna da Escola Superior de Tecnologia de Abrantes, este tipo de concertos não é novidade pois “já tinha ouvido uma banda sinfónica, mas nada a ver com este género, isto é, nada tão grande, tão completo.” Na sua opinião, “enquadra-se muito bem nas comemorações e acho que deviam repetir mais eventos como este não só com a Banda Sinfónica do Exército, mas também com outras bandas sinfónicas com muito potencial”.
Instituída em 1988, por despacho de 25 de março do Chefe do Estado-maior do Exército, General Firmino Miguel, a Banda Sinfónica do Exército tem renovado o seu efetivo periodicamente através de concursos públicos, sendo as escolas de música civis o seu principal viveiro.

Funciona como Escola Prática de Música do Exército, ministrando cursos e estágios que visam essencialmente a formação e aperfeiçoamento dos militares músicos e clarins do Exército. A sua imagem reflete-se grandemente no seio da população civil, graças à ação dos seus músicos que de forma superior espelham a sua formação.


Rafaela Lucas

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